segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O Príncipe da Paz

Depois de um tempo afastado resolvi retornar a postar neste blog. E para um bom recomeço, venho divulgar o meu livro, "O Príncipe da Paz". Ele foi escrito já há alguns anos e somente nestes dias tomei coragem para publicá-lo. Ele se encontra no site: http://clubedeautores.com.br/.
Se você se interessa por esta área, dá uma olhada lá e irá encontrar preciosas dicas para quem gosta e quer escrever alguma coisa. E quando entrar, aproveita e confira a minha referida obra ou clique aqui (http://clubedeautores.com.br/book/6728--O_Principe_da_Paz).
Este livro conta a história do amor entre o Príncipe Emanuel e a plebéia Noemi que é interrompido pelos planos de vingança do maligno Dragom, o imperador das trevas. Disposto a resgatar a sua noiva, Emanuel deixa o seu Reino e o seu Pai e parte para as terras negras onde toda sorte de monstros, bestas e demônios habitam. Para quem gosta do gênero, creio que é uma aventura e tanto...rs... De um jeito romanceado, meio medieval e um tanto quanto metafórico, tento narrar a história da Salvação do mundo, onde um Príncipe (Jesus) deixa seu reino (os Céus), deixa seu pai (Deus) e vem para um mundo de trevas (Terra) para resgatar a sua amada noiva (eu e você). Sem mais enrolação, este é um dos primeiros de muitos que virão, espero eu, afinal o filho do Leão de alguma maneira tem que rugir! Segue abaixo um capítulo da história. Deus abençoe a todos!


O Rapto

No campo dos soldados, todos eles treinavam suas habilidades. Era um número grande de jovens e homens dedicados a proteger o seu Rei e Seu Reino. Os mais jovens tinham 18 anos e os mais velhos chegavam aos 30. Alguns moravam ali, outros em casa com suas mulheres e filhos. O campo era um enorme quartel com inúmeros quartos e um grande pátio. Mikael, o general-mor, ficava a maior parte do tempo com seus guerreiros. Ele era casado e tinha três filhos. Era um pai dedicado e mesmo estando ocupado com seus serviços, conseguia tempo para sua família. Oséias, irmão de Noemi, há muito sonhava em ser soldado. E naquele dia pediu para Emanuel que o levasse para conhecer o quartel. Naquele ano ele havia completado 18 anos e já estava apto à carreira militar. Ao chegarem, Mikael os recebeu: - Salve Príncipe. O que O trazes aqui? - Este é meu futuro cunhado. Seu nome é Oséias e ele se interessa pelo exército. - Quantos anos tem jovem? - Tenho 18, senhor. - Isso é ótimo. Já estás em idade para o serviço. Mas tem certeza do que queres? O serviço militar não é fácil. É perigoso e arriscado, mas todos os soldados terão recompensa. Venha, mostrarei o nosso quartel a você.Mikael então os levou aos dormitórios, cozinha e aos locais de treino. Ao fim do passeio, Mikael perguntou:- E então? Tem certeza do que queres?- Sim. É isso que quero. – respondeu Oséias.- E o que ele precisa fazer agora? – perguntou Emanuel.- Dar o seu nome e trazer a aprovação de seus pais e do Rei, Teu Pai.- Farei algum teste?- Sim. Mas não encontrarás resistência se realmente for isso que queres.- É isso mesmo que eu quero.Próximo a eles, os soldados da noite anterior, Rubem e Gade, cuidavam das armas:- Sabe quem é o jovem? – perguntou Rubem.- Não sei seu nome. Ouvi dizer que ele é amigo do Príncipe. Talvez o cunhado dEle.- Cunhado? O Príncipe é casado?- Ouvi rumores que Ele está cortejando a irmã daquele jovem.- Isto é bom...- Não sabia destas coisas? – surpreendeu-se Gade.- Não...Agora volte aos teus afazeres. – Ordenou Rubem de um jeito estranho.- Tudo bem...“É bom saber disto. Estamos bem perto”. Pensou Rubem enquanto seus olhos brilhavam num brilho opaco e maligno. Possivelmente algo havia acontecido com ele no beco escuro da noite passada. Rubem não era mais o mesmo. * Noemi colhia flores nos jardins elevados do palácio. Os jardins eram esplêndidos. De lá era possível ver quase todo o Reino da Luz, num reduzido tamanho é claro, mas era possível. Encantada com a beleza das flores, não percebeu quando alguém se aproximava:- Noemi!?Assustada, virou-se e viu quem a chamava:- Emanuel!? Assustou-me.- Perdoe-me, não queria. O que fazes?- Vim colher estas flores. Estão lindas. Gostaria de enfeitar o palácio com elas. Será que Teu Pai gostaria?- Claro. Não te detenhas. – Sorriu Emanuel.- E você? O que fazes? – perguntou Noemi abraçando Emanuel.- Vim vê-la. Algum problema? – brincou Ele.- Problema teria se não viesse.- Teu irmão já entrou no exército.- Já? Que bom. Isto me alegra, mas me assusta também. Não é perigoso?- Sim. É muito perigoso. Mas já viu alguma vez o exército do Grande Rei perder?- Tem razão. – concordou Noemi com um suspiro e mudou de conversa. – Querido, que árvores são aquelas? – perguntou Noemi apontando para um aglomerado distante ao sul.- Nós a chamamos de Floresta Branca.- O que há lá?- Um povo como nenhum outro qualquer.- São inimigos?- Não. Eles são conhecidos como a barreira protetora de Salém. São estranhos e de hábitos diferentes dos nossos, mas são amigáveis. Eles andam quase nus e sabem andar sobre as árvores e sob as águas.- E o que mais?- São bons na guerra e falam com a natureza, vivendo de tudo que ela dá.- Incrível! Fale mais. – Noemi estava realmente gostando daquilo que ouvia.- Conta-se que entre eles vive o chamado rei das feras e que os animais de lá falam. Dizem que quatro seres guardam este povo e sabem de segredos que só o meu Pai sabe.- Que seres são esses?- Chamam-nos de quatro seres viventes. Um leão, um touro, uma águia e um homem. Todos são possuídos de extrema sabedoria e força.- E o rei das feras, o que é?- Não sei. Talvez um grande animal ou um homem, não sei.- Nunca foi lá?- Não. A entrada da floresta é restrita. Só se pode entrar ali com permissão, além do que há uma profecia que diz: “Quando o vento for contrário e o mar das trevas se levantar, a floresta se abrirá e a ajuda dali virá”.- Fiquei encantada com tudo isso. Gostaria de conhecer esta floresta.- Quem sabe um dia. Vou cavalgar, quer ir comigo?- Não, obrigada. Vou me encontrar com minha mãe e irmã. Nos vemos à noite então.- Certo.Emanuel beijou a face de Noemi e desceu ao encontro de Fiel, seu cavalo, e saiu pelos portões do palácio real. * Enquanto o dia se aproximava de seu fim, um vulto era visto próximo às portas do palácio. Segundos depois via-se dois seres alados pousarem ao lado dele:- O mestre quer saber de teus avanços – perguntou um dos seres.- Só um pouco de tempo e levarei a moça para ele.- Ele tem pressa. Voltaremos em breve. – falou o segundo alçando vôo logo em seguida. * Amanheceu chovendo bastante no dia seguinte. A família real foi obrigada a ficar dentro do castelo. O dia do noivado de Noemi e Emanuel estava próximo e aproveitaram aquele dia para os preparativos. Projetaram que embelezariam o grande dia.Logo mais, a chuva parou e Salém começou a funcionar. O mercado abriu, as pessoas foram aos seus trabalhos e o quartel iniciou seus treinamentos. Oséias, irmão de Noemi, estava lá. Ele havia sido aceito por Mikael e agora morava junto com os outros soldados. Sua adaptação foi rápida e logo era admirado pelo alto comando dali. Rubem, um dos soldados, aproximara-se de Oséias e havia ganhado sua confiança desde o momento que chegara ali. Na hora do descanso, Rubem começou a conversar com Oséias:- Os dias do noivado de tua irmã se aproximam não é?- É verdade. Faltam poucas semanas. Por que?- Por nada...só curiosidade.- Talvez seja escalado para fazer a guarda, e então poderá entrar e se divertir um pouco. Ou talvez, Emanuel convide todo o Reino para a festa, assim como foi quando Ele chegou.- Eu adoraria estar lá. – disse Rubem com o olhar estranho novamente, enquanto a sirene avisava o fim do descanso. * Duas semanas depois tudo já estava arrumado para a festa. Faltava agora um dia apenas para o noivado e na noite anterior, os seres alados voltaram para falar com o vulto de duas semanas atrás:- E então? O mestre já se cansa de esperar. – disse o primeiro.- Sim, ele ordena que respondas o que fará. – completou o outro.- Amanhã terá uma festa e assim eu agirei. Eu quero reforços.- Estaremos aqui. A que horas?- Logo após o anoitecer. Encontrem-me neste mesmo lugar.- Perfeito. Não falhe ou será punido. – As criaturas então subiram na escuridão do céu e desapareceram. * Naquele dia, tudo era festa. Havia chegado o momento mais importante para Emanuel e Noemi. Era o começo de uma vida a dois. Ficariam noivos para mais tarde se tornarem marido e mulher. Os dois estavam igualmente nervosos e ansiosos, mas profundamente felizes e satisfeitos.Todo o Reino havia sido convidado e um enorme número de guardas selecionados para a proteção da festa. Nada poderia dar errado naquela noite, nada.As horas passaram e logo o sol foi descansar. As luzes foram acesas e o povo de Salém aos poucos ia chegando. Emanuel estava assentado a direita de Seu Pai com a família de Noemi que por sinal estava no quarto com sua irmã.Em pouco tempo, todos já haviam chegado, inclusive os ilustres convidados dos outros lugares. Os líderes de cada estado estavam lá, até Melquisedeque, tutor de Emanuel, estava lá.A hora chegou. As trombetas tocaram e Noemi desceu as escadas. Ela estava belíssima. Parecia vestida de sol e resplendor. Emanuel estava orgulhoso de Sua noiva e ao tocar-lhe as mãos, Ele beijou sua face e disse:- Estás tremendamente linda.Noemi sorriu e olhou para seus pais que acenaram para ela. Os dois se posicionaram em frente ao Grande Rei e se ajoelharam diante dEle que se levantou. Ele disse:- Filhos e filhas de Salém. É com tamanha alegria e grande júbilo que vos anuncio este noivado. Hoje, meu Filho e esta filha de Salém fazem uma aliança de compromisso e preparação para o casamento. Deverá ser um momento de seriedade, pois Salém tem uma Lei e ela proíbe a anulação dos votos de casamentos. Portanto, Emanuel, Filho da Luz, tens certeza que queres desposar esta moça:- Sim Senhor. Eu tenho. – respondeu.- E tu, minha doce filha? Queres ser desposada por este rapaz?- Sim Majestade. Eu quero.- Pois sendo assim, Eu os abençôo. Guardai-vos para o vosso casamento e sejais fiéis um ao outro. Quantos concordam com este noivado?Em uníssono, a congregação bradou em júbilo, palmas e assovios. Estavam satisfeitos com a união de uma plebéia com o herdeiro ao trono de Salém. Havia alegria naquele lugar. Emanuel e Noemi recebiam os cumprimentos e se alegravam, no entanto, o clima começava a se turbar lentamente. * Lá fora, no escuro, um bando de criaturas pousava ao redor de um homem vestido coma armadura do exército Real:- Então? Onde ela está? – perguntou o mesmo voador de antes.- Lá dentro. Estão todos aqui?- Sim. Temos pressa. Vamos?- Vamos. Sigam-me. * A música tocava alegremente e o povo dançava e brincava. Riam e comemoravam a felicidade do casal. Mas a sinfonia da festa foi interrompida por estilhaços de vidro no salão e umas 50 criaturas aladas invadindo o salão. Houve tumulto e correria. Os soldados foram acionados, mas as criaturas os subjugaram:- Emanuel, o que são? – perguntou Noemi.- São gárgulas, demônios alados da noite... Suba Noemi, saia daqui!- E você?- Sai!Emanuel puxou a espada para proteger Noemi e acertou a cabeça de um daqueles demônios. Mas eram muitos e fortes. Estavam protegidos por alguma coisa, talvez uma legalidade, mas qual?Noemi subiu correndo a escada que até então se mantinha sem monstros. Contudo, na frente dela surgiu Rubem:- Soldado, por favor, ajude o Príncipe!- Ajudar? Não princesa...Rubem saltou sobre ela e a agarraram levantando-a do chão com grande força. Ela gritou e Emanuel ouviu:- Hey! O que está fazendo? Noemi!Emanuel correu para a escada, mas um gárgula saltou-lhe sobre suas costas cravando suas garras nEle rasgando suas vestes e fazendo-O cair. Mas uma espada fez o monstro desaparecer feito fumaça. Era a espada de Oséias, irmão de Noemi:- Noemi corre perigo! – gritou Emanuel.- Sobe Senhor que te dou cobertura!Emanuel correu escada acima e conseguiu alcançar o soldado traidor a tempo (Noemi estava inconsciente):- Páre! – ordenou Emanuel.- Alteza. Que honra vê-lo.- Por que nos traiu soldado? Solte a minha noiva!Rubem sorriu e respondeu:- Não se aproxime ou ela morre.- Pare com isso Rubem! – gritou Mikael que chegava junto com Oséias.- Rubem? Ah! Perdoem-me. Eu não contei. Rubem não está aqui.- Quem é você? – perguntou Oséias.- Sou servo de Dragom. Eu me chamo Camaleão.Ao falar seu nome, Rubem, ou Camaleão voltou a sua forma original. Era um ser nojento. Parecia um lagarto. Tinha garras afiadas e uma longa cauda enrolada. Sua pele era escamada e branca.- Onde está meu soldado? – perguntou Mikael.- Procurem-no próximo ao cemitério. – ao falar isso, Camaleão riu numa gargalhada infernal – Agora com Sua licença, preciso voltar.- Você não vai a lugar nenhum! – Emanuel urrou como um leão e avançou, mas uma cortina de fumaça inundou a sala derrubando a todos.Um enorme dragão apareceu e Camaleão, agarrando Noemi, saltou em suas costas. Seguido pelos gárgulas sobreviventes, Camaleão e o dragão voaram rumo às terras sombrias, onde o mal impera.Emanuel, descontrolado, quase pularia da janela se não fosse segurado por Mikael e Oséias:- Noemi! Não! – gritava Emanuel caindo em prantos no ombro de Oséias.