quarta-feira, 19 de maio de 2010


"EU VIM A ESTE MUNDO... A FIM DE QUE OS CEGOS POSSAM VER..."
Jo 9:39

 
Logo após o Seu batismo e a tentação no deserto, Jesus partiu para Nazaré onde entrou numa sinagoga. Ali, tomou a palavra diante de todos e revelou-se a eles lendo o livro do profeta Isaías que dizia: "O Espírito de ADONAI está sobre mim; portanto Ele me ungiu para anunciar boas-novas aos pobres; Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperar a vista dos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano do favor de ADONAI" (Lc 4:18,19).
Jesus proclamou aquelas palavras sobre Ele mesmo causando um tamanho transtorno naquele lugar. O acusaram de blasfêmia e expulsando-o dali tentaram apedrejá-lo. Isto tudo aconteceu por um só motivo: cegueira.
Todo o povo de Israel esperava por um homem que os pudesse livrar de suas mazelas e trazer um novo tempo para suas vidas. Desde Moisés, a promessa do Filho de Davi enchia os corações de todo aquele que esperava no Deus de Jacó, no entanto, os anos de pecado e de cativeiro físico e espiritual cegaram os olhos da nação santa. Os longos anos de sujeição aos impérios pagãos (Egito, Babilônia, Grécia e Roma) como também os tempos de governo de reis maus endureceram o coração de muitos e fecharam os seus olhos.
Paulo diz em uma de suas cartas que "o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus" (II Co 4:4) e isto descreve exatamente o que estava acontecendo com aquelas pessoas. A Promessa estava ali diante deles, contudo uma força demoníaca os atava a uma escuridão que os impedia de ver a glória do Messias.
Desta maneira, em meio à cegueira espiritual vigente da época, Jesus evoca a profecia de Isaías declarando que Deus o havia enviado para "recuperar a vista dos cegos" (Lc 4:19). Ou seja, estava ali a resposta para aquele geração, o segredo para tomarem o caminho de volta para o coração de Deus.
Também estava ali a resposta para a nossa geração que ainda caminha com os olhos vendados, sem enxergar a nuvem de glória e sem direção a tomar. Estamos como aquele homem que vivia às sombras do Templo, cegos desde o nascimento, esperando pela esperança de ver novamente (Jo 9). Enquanto os discípulos procuravam por uma culpa, pelo pecado de alguém, Jesus foi além e olhou para a necessidade daquele homem. Era preciso abrir os seus olhos e deixar que ele visse o poder de Cristo. Assim, num ato profético, Jesus ungiu os olhos daquele homem com lama (fruto da terra com Sua saliva) lembrando que nossos olhos estão sujos e cheios do mundo e depois o enviou a se lavar no tanque de Siloé. Da mesma forma, é assim que Jesus nos trata com a nossa cegueira. Ele toca em nossos olhos e depois nos lava de toda sujeira, fazendo-nos ver novamente. Aquele homem, depois de ter sua visão recuperada pode ver e conhecer o Salvador do mundo, Aquele que veio ao mundo "a fim de que os cegos possam ver" (Jo 9:39).
Esta é a missão de Jesus, e este deve ser o nosso desejo, ter os olhos abertos e poder ver aquilo que Deus está fazendo em nossa geração. Os judeus não perceberam e não reconhecerem a visitação do Autor da Vida, não aceitaram ser ajuntados "como a galinha ajunta os seus pintinhos" (Mt 23:37) por culpa da cegueira de que Isaías também falou: "Engorda o coração deste povo, e enderece-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; não venha ele a ver com os seus olhos, e a ouvir com os seus ouvidos, e a entender com o seu coração, e a converter-se, e a ser sarado" (Is 6:10).
Hoje, muitos de nós também estamos cegados pela nossa soberba e arrogância, ignorando os planos de Deus para nossas vidas. Andamos perdidos no deserto porque não conseguimos enxergar a nuvem que se move sob o comando do Senhor.
Enquanto isto, os filhos das trevas caminham tranquilamente e veem o que nós não conseguimos ver. Jesus nos advertiu dizendo que os filhos das trevas são mais astutos que os filhos da luz, o que podemos verificar na vida de Balaão. Este era um profeta pagão que um dia foi contratato por Balaque para amaldiçoar o grande e temível povo de Israel. Balaão não era israelita e não fazia parte do povo escolhido, como também não era um servo do Senhor, mas mesmo assim, a profecia que veio da boca de Deus para ele dizia: "Fala Balaão, filho de Beor, e fala o homem de olhos abertos:
Fala aquele que ouviu os ditos de Deus, o que vê a visão do Todo-Poderoso, caindo em êxtase de olhos abertos" (Nm 24:3,4). Mesmo sendo um pagão enviado de Satanás, Balaão viu a glória do Soberano e contemplou a face do Altíssimo, coisa que nós não conseguimos fazer. Nisto temos que aprender com Balaão. Precisamos ser homens e mulheres que buscam ter os olhos abertos para ver o Senhor num "alto e sublime trono" (Is 6:1) assim como o servo de Deus Isaías, o profeta.
É preciso buscarmos de todo nosso coração. Não nos conformamos com nosso estado, mas ansearmos um novo nível na presença de Deus, uma nova intimidade, um novo contato. Não basta ouvirmos o Seu nome ser gritado nas praças e nas ruas, precisamos sair da beira do caminho e andarmos ao Seu encontro, como Bartimeu, que mesmo em meio às trevas não se conformou e nem se intimidou com a multidão, mas correu ao encontro daquele que podia tirá-lo da escuridão, da apatia, do comodismo e das esmolas. "Jesus, filho de Davi! Tem misericórdia de mim" (Mc 10:47) deve ser também o nosso grito, o nosso clamor.
Mas daí vem a pergunta do Mestre: "Que queres que te faça?" (Mc 10:51a) A resposta de Bartimeu foi: "Mestre, que eu tenha vista" (Mc 10:51b) e a nossa, qual seria? Ultimamente temos nos ocupado com tantas coisas. Preferimos outros tipos de milagres que visam nosso lucro e conforto, enquanto que ainda estamos cegos. Não vemos Jesus passar, não vemos Deus agir, como também não vemos os planos sujos e os ardis do diabo contra nossas vidas.
Precisamos clamar, pedir e implorar para que nossos olhos sejam abertos. Para que possamos ver Jesus, pois como o seguiremos se não O vermos? Como tocá-lo se não podemos saber onde Ele está? Ele quer nos curar e nos fazer ver, afinal Ele disse: "Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem sejam cegos" (Jo 9:39).
Que o nosso desejo seja vê-lo, porque é impossível vê-lo e permanecer com a mesma vida medíocre e pecaminosa. Ao vê-lo, Isaías prontamente foi perdoado e purificado. Ver Jesus produz cura em nossas almas, libertação em nossas vidas e graça sobre graça. Eis o segredo de uma vida abundante, ver Jesus. Ter os olhos espirituais abertos e saber discernir o tempo de Sua visitação, saber discernir aquilo que Ele quer para nós e para nossa geração. Que nossos olhos sejam abertos em todos os sentidos para que não declaremos como Balaão que profetizou: "Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto" (Nm 24:17). Nossa oração precisa ser assim: "Vê-lo-ei, mas agora; contemplá-lo-ei, mas de perto". Queremos ver Jesus o mais rápido possível, porque este é o tempo da salvação. Não há mais o que esperar. Precisamos agora correr atrás da nuvem, mas antes nossos olhos precisam estar abertos e limpos.
Este é o nosso clamor: "Abre os nossos olhos Senhor!".

 


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