Texto-chave: Juízes 6 — 7
No ano 2702 depois da
criação do mundo, Israel estava sob o domínio dos midianitas. Após o tempo de
Débora e Baraque, o povo de Israel tornou a se esquecer do Senhor e vieram a
pecar novamente adorando a Baal. Por causa disto, Deus levantou os midianitas
para disciplinar os hebreus e estes viveram um tempo de muita provação.
Amedrontados pelo povo de Midiã, os israelitas viviam escondidos nas montanhas,
nas cavernas e fortalezas (cf. v. 2).
Então, o Senhor levantou
outro juiz chamado Gideão, porém este homem era tão medroso quanto os outros e
se achava inferior (v. 15). Contudo, Deus não vê como o homem vê (1Sm 16:7) e
através de Seu Anjo, traz uma Palavra de ânimo a Gideão dizendo: “Yahweh está
contigo, valente guerreiro!” (v. 12). Mas o que significava aquela “saudação”?
Gideão havia sido encontrado “malhando trigo num tanque de prensar uvas, a fim
de ocultá-lo dos midianitas” (v. 11) e mesmo assim, o Senhor o considerava um
valente guerreiro. Talvez Gideão nunca houvesse pegado em armas e é claro que
ele poderia ser tudo, menos valente. No entanto, Deus não olha o estar, mas sim
o ser. Ele não vê o presente, mas contempla o futuro que Ele mesmo preparou
para seus servos. A Palavra nos diz que “um coração quebrantado e arrependido
jamais será desprezado por Deus!” (Sl 51:17) e com certeza foi isto que Deus
encontrou em Gideão, um coração quebrantado e arrependido. Muito tempo depois,
foi o mesmo que foi encontrado no rei Davi, o homem segundo o coração de Deus, que
mesmo tendo pecado e cometido atrocidades, o Senhor continuou o amando e fez
permanecer o seu trono para sempre.
Os dias de hoje estão
como os dias de Gideão. Os midianitas (mundo) estão avançando e os filhos de
Israel (Igreja) recuam e se escondem com medo dos seus opressores. Muitos
Gideões estão fugindo e se calando por medo da ameaça dos midianitas que se
levantaram com furor. Mas como foi naquele tempo, Deus também quer levantar
homens que mesmo com suas limitações, avancem contra a trincheira inimiga e
convoquem o povo para a batalha. O versículo 34 do mesmo capítulo, diz que
“Então o Espírito de Yahweh tomou PLENO CONTROLE de Gideão e o fez tocar o
Shofar, a trombeta de convocação, conclamando assim todos os abiezritas para
segui-lo. Enviou mensageiros a todo o Manassés, chamando às armas, e também a
Aser, a Zebulom e a Naftali, que também subiram ao seu encontro” (vv. 34,35).
Um avivamento e uma nova unção vieram sobre Gideão que “contaminou” ao povo que
desejou seguí-lo. Uma unção de autoridade e coragem tomou conta de Gideão e
incendiou os demais, primeiro os de sua família (“conclamando assim todos os
abiezritas”. Gideão era neto de um homem chamado Abiezer e os abiezritas eram
todos filhos dele) e depois se espalhou em mais quatro tribos (Manassés, Aser,
Zebulom e Naftali).
Mas antes, Gideão teve
que enfrentar uma prova de fogo. A primeira missão de Gideão foi destruir o
altar de Baal, que a propósito era de seu pai, Joás. Mesmo com medo, Gideão
juntou um pequeno exército de dez homens e durante a noite, destruiu a mesa de
pedra de Baal e cortou o poste sagrado de Aserá (vv. 25-28), restaurando em
seguida o altar do Deus verdadeiro (v. 28). Tal feito provocou a fúria do
inferno e o contra-ataque veio logo depois:
“Comentaram
então uns com os outros: ‘Quem fez isto?’ Eles procuraram saber, indagaram por
toda parte, e descobriram que tinha sido Gideão, filho de Joás. Os habitantes
da cidade intimaram a Joás: ‘Trazer para fora o teu filho! Ele deve morrer,
porquanto profanou e destruiu a mesa de pedra consagrada a Baal e derrubou o
poste sagrado que estava ao lado deste altar!” Jz 6:29,30
A guerra estava
declarada! Não mais entre Israel e Midiã, mas Reino de Deus contra o império
das trevas! Uma batalha espiritual havia começado, porém Gideão tinha a
vantagem, ele primeiro destruiu a legalidade que agia sobre Israel fazendo o
que Jesus ensinou anos mais tarde:
“Ou
ainda, como pode alguém entrar na casa do homem forte e roubar-lhe todos os
bens sem primeiro amarrá-lo? Só depois disso será possível saquear a sua casa”.
Mt 12:29
A brecha dada pelos
israelitas havia sido fechada e como o altar pertencia ao pai de Gideão
(provavelmente um negócio de família), também era de Gideão, que por ser o mais
humilde de sua casa (v. 15), Deus o entregou esta missão. Agora a casa estava
limpa outra vez, o valente (Baal) havia sido amarrado e perdido suas forças.
Gideão poderia então invadir o inferno e saqueá-lo, pois “as portas do inferno”
não iriam prevalecer mais (cf. Mateus 16:18)!
Tendo a primeira missão
completa, havia chegado a vez de Deus trabalhar na alma daqueles homens,
principalmente na de Gideão. Provou duas vezes seguidas que estava com ele (vv.
36-40) e depois fez com que ele ouvisse que os midianitas haviam sido entregues
nas suas mãos (Jz 7:9-15).
O Senhor é um Deus de
estratégias! Não é à toa que também é chamado de Senhor dos Exércitos e Homem
de Guerra! Não há ninguém melhor para nos ensinar como guerrear como o Senhor!
Depois que Gideão ouviu o sonho dos midianitas, sua fé se consolidou dentro de si
e ele teve certeza da vitória! Bom seria se não precisássemos de tantos sinais
assim e que crêssemos na mesma hora, porém somo humanos e limitados. Nossa
consciência foi afastada de Deus quando Adão e Eva pecaram e agora precisamos
reaprender a ouvir, aprender e a confiar no Senhor. Quantos de nós hoje em dia,
temos que nos cercar de tantos dados que comprovem e satisfaçam a nossa mente
racional que anseia por entendimento! Graças a Deus, que Ele é misericordioso e
entende que nossa estrutura é essa:
“Porquanto
Ele conhece a nossa estrutura, lembra-se de que somos pó”. Sl 103:14
Somos ainda imaturos e
temos muito ainda o que aprender. Mas estamos caminhando para chegar nessa
estatura em Deus! Efésios 4:13 diz: “Até que todos alcancemos a unidade da fé e
do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida
da estatura da plenitude de Cristo”.
Gideão entendeu isto e
conseguiu amadurecer e reconhecer quem ele era em Deus, qual a sua identidade
no Senhor. Para ele e até mesmo para as pessoas, ele era apenas “a pessoa menos
importante” de sua família (6:15), mas para Deus, ele era um “valente guerreiro”
(6:12)! Uma peça chave para aquilo que Deus queria fazer no meio de seu povo!
A última lição que Deus
deu a Gideão foi entender que não é o número ou quantidade que nos faz vencer,
mas a qualidade! Gente como a gente que tem um só objetivo, cujos corações não
se contaminaram com o pecado e incredulidade! Em certo momento, depois da
convocação de Gideão, um numeroso exército formado por mais ou menos 32 mil
homens! Porém, 22 mil não estavam preparados. Estavam com medo, incrédulos de
que Deus os faria vencer. Eram brechas no meio do exército que de fato poderiam
trazer a derrota. Estes 22 mil foram embora restando 10 mil. Estes 10 mil então
foram levados a um riacho para beber água. Aqueles que bebessem levando a mão a
boca ficariam, mas os que se ajoelhassem, sairiam. Por que? Porque os que
levassem a mão a boca tinham mais probabilidades de estarem atentos se por
acaso o inimigo viesse contra eles. Os outros que se ajoelharam, abaixaram a
guarda e se tornaram vulneráveis ao ataque inimigo. Estavam desatentos e
despercebidos!
A guerra entre Céu e
inferno é ferrenha e não tem tréguas! Um pequeno erro é capaz de causar morte e
destruição. Estar despercebido é a causa de muitas mortes no meio do povo de
Deus. O inimigo é astuto e sagaz, e usará de tudo para vencer. Por isso que a
Igreja primitiva cantava um hino que dizia: “Desperta, ó tu que dormes,
levanta-te dentre os mortos e Cristo resplandecerá sobre a tua pessoa” (Ef
5:14). Vivemos um tempo que é preciso acordar! Despertar deste sono infernal e
ficarmos atentos a movimentação espiritual ao nosso redor. Jesus nos ensinou a
vigiar e orar (Mt 26:41) para que não caíssemos em tentação, para não abrirmos
brechas que venham nos destruir e para que o inimigo não nos encontre
desatentos e vulneráveis a ele. É tempo de fazermos como Neemias contou que
seus operários faziam, trabalhavam com uma mão, mas seguravam suas espadas com
a outra (Ne 4:18).
Assim, aqueles que
permaneciam atentos e vigilantes, Deus chamou-os para o exército de Gideão, e
eles eram apenas 300 homens! Com um déficit de mais de 30 mil homens, o
exército de Israel foi formado e no dia escolhido por Deus, a vitória chegou
aos filhos de Israel sob a liderança do juiz Gideão, o homem covarde que foi
chamado de valente por Deus!
Os nossos dias não são
diferentes. Os homens se esqueceram de Deus, e elegeram eles mesmos os seus
deuses. Os valores do Reino estão no chão e o povo santo chamado para fazer a
diferença se misturou com eles ou se escondeu. O Espírito Santo irá mudar esta
realidade levantando Gideões, homens comuns, limitados, mas que farão diferença
no meio da sociedade. Homens cheios dos Espírito de Deus que derrubaram o poder
das trevas, fecharão as brechas feitas pelo pecado e destruirão os inimigos,
restabelecendo a ordem do Reino de Deus na Terra! Basta que Deus encontre
alguém com o coração quebrantado e que anseie por fazer a vontade do Senhor na
Terra. Aqueles que digam: “Venha a nós o Teu Reino e seja feita a Sua vontade
na Terra, assim como é nos Céus!”