domingo, 23 de novembro de 2014

Gideão

         

Texto-chave: Juízes 6 — 7

No ano 2702 depois da criação do mundo, Israel estava sob o domínio dos midianitas. Após o tempo de Débora e Baraque, o povo de Israel tornou a se esquecer do Senhor e vieram a pecar novamente adorando a Baal. Por causa disto, Deus levantou os midianitas para disciplinar os hebreus e estes viveram um tempo de muita provação. Amedrontados pelo povo de Midiã, os israelitas viviam escondidos nas montanhas, nas cavernas e fortalezas (cf. v. 2).



Então, o Senhor levantou outro juiz chamado Gideão, porém este homem era tão medroso quanto os outros e se achava inferior (v. 15). Contudo, Deus não vê como o homem vê (1Sm 16:7) e através de Seu Anjo, traz uma Palavra de ânimo a Gideão dizendo: “Yahweh está contigo, valente guerreiro!” (v. 12). Mas o que significava aquela “saudação”? Gideão havia sido encontrado “malhando trigo num tanque de prensar uvas, a fim de ocultá-lo dos midianitas” (v. 11) e mesmo assim, o Senhor o considerava um valente guerreiro. Talvez Gideão nunca houvesse pegado em armas e é claro que ele poderia ser tudo, menos valente. No entanto, Deus não olha o estar, mas sim o ser. Ele não vê o presente, mas contempla o futuro que Ele mesmo preparou para seus servos. A Palavra nos diz que “um coração quebrantado e arrependido jamais será desprezado por Deus!” (Sl 51:17) e com certeza foi isto que Deus encontrou em Gideão, um coração quebrantado e arrependido. Muito tempo depois, foi o mesmo que foi encontrado no rei Davi, o homem segundo o coração de Deus, que mesmo tendo pecado e cometido atrocidades, o Senhor continuou o amando e fez permanecer o seu trono para sempre.
Os dias de hoje estão como os dias de Gideão. Os midianitas (mundo) estão avançando e os filhos de Israel (Igreja) recuam e se escondem com medo dos seus opressores. Muitos Gideões estão fugindo e se calando por medo da ameaça dos midianitas que se levantaram com furor. Mas como foi naquele tempo, Deus também quer levantar homens que mesmo com suas limitações, avancem contra a trincheira inimiga e convoquem o povo para a batalha. O versículo 34 do mesmo capítulo, diz que “Então o Espírito de Yahweh tomou PLENO CONTROLE de Gideão e o fez tocar o Shofar, a trombeta de convocação, conclamando assim todos os abiezritas para segui-lo. Enviou mensageiros a todo o Manassés, chamando às armas, e também a Aser, a Zebulom e a Naftali, que também subiram ao seu encontro” (vv. 34,35). Um avivamento e uma nova unção vieram sobre Gideão que “contaminou” ao povo que desejou seguí-lo. Uma unção de autoridade e coragem tomou conta de Gideão e incendiou os demais, primeiro os de sua família (“conclamando assim todos os abiezritas”. Gideão era neto de um homem chamado Abiezer e os abiezritas eram todos filhos dele) e depois se espalhou em mais quatro tribos (Manassés, Aser, Zebulom e Naftali).
Mas antes, Gideão teve que enfrentar uma prova de fogo. A primeira missão de Gideão foi destruir o altar de Baal, que a propósito era de seu pai, Joás. Mesmo com medo, Gideão juntou um pequeno exército de dez homens e durante a noite, destruiu a mesa de pedra de Baal e cortou o poste sagrado de Aserá (vv. 25-28), restaurando em seguida o altar do Deus verdadeiro (v. 28). Tal feito provocou a fúria do inferno e o contra-ataque veio logo depois:

“Comentaram então uns com os outros: ‘Quem fez isto?’ Eles procuraram saber, indagaram por toda parte, e descobriram que tinha sido Gideão, filho de Joás. Os habitantes da cidade intimaram a Joás: ‘Trazer para fora o teu filho! Ele deve morrer, porquanto profanou e destruiu a mesa de pedra consagrada a Baal e derrubou o poste sagrado que estava ao lado deste altar!” Jz 6:29,30

A guerra estava declarada! Não mais entre Israel e Midiã, mas Reino de Deus contra o império das trevas! Uma batalha espiritual havia começado, porém Gideão tinha a vantagem, ele primeiro destruiu a legalidade que agia sobre Israel fazendo o que Jesus ensinou anos mais tarde:

Ou ainda, como pode alguém entrar na casa do homem forte e roubar-lhe todos os bens sem primeiro amarrá-lo? Só depois disso será possível saquear a sua casa”. Mt 12:29

A brecha dada pelos israelitas havia sido fechada e como o altar pertencia ao pai de Gideão (provavelmente um negócio de família), também era de Gideão, que por ser o mais humilde de sua casa (v. 15), Deus o entregou esta missão. Agora a casa estava limpa outra vez, o valente (Baal) havia sido amarrado e perdido suas forças. Gideão poderia então invadir o inferno e saqueá-lo, pois “as portas do inferno” não iriam prevalecer mais (cf. Mateus 16:18)!
Tendo a primeira missão completa, havia chegado a vez de Deus trabalhar na alma daqueles homens, principalmente na de Gideão. Provou duas vezes seguidas que estava com ele (vv. 36-40) e depois fez com que ele ouvisse que os midianitas haviam sido entregues nas suas mãos (Jz 7:9-15).
O Senhor é um Deus de estratégias! Não é à toa que também é chamado de Senhor dos Exércitos e Homem de Guerra! Não há ninguém melhor para nos ensinar como guerrear como o Senhor! Depois que Gideão ouviu o sonho dos midianitas, sua fé se consolidou dentro de si e ele teve certeza da vitória! Bom seria se não precisássemos de tantos sinais assim e que crêssemos na mesma hora, porém somo humanos e limitados. Nossa consciência foi afastada de Deus quando Adão e Eva pecaram e agora precisamos reaprender a ouvir, aprender e a confiar no Senhor. Quantos de nós hoje em dia, temos que nos cercar de tantos dados que comprovem e satisfaçam a nossa mente racional que anseia por entendimento! Graças a Deus, que Ele é misericordioso e entende que nossa estrutura é essa:
“Porquanto Ele conhece a nossa estrutura, lembra-se de que somos pó”. Sl 103:14

Somos ainda imaturos e temos muito ainda o que aprender. Mas estamos caminhando para chegar nessa estatura em Deus! Efésios 4:13 diz: “Até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da estatura da plenitude de Cristo”.
Gideão entendeu isto e conseguiu amadurecer e reconhecer quem ele era em Deus, qual a sua identidade no Senhor. Para ele e até mesmo para as pessoas, ele era apenas “a pessoa menos importante” de sua família (6:15), mas para Deus, ele era um “valente guerreiro” (6:12)! Uma peça chave para aquilo que Deus queria fazer no meio de seu povo!
A última lição que Deus deu a Gideão foi entender que não é o número ou quantidade que nos faz vencer, mas a qualidade! Gente como a gente que tem um só objetivo, cujos corações não se contaminaram com o pecado e incredulidade! Em certo momento, depois da convocação de Gideão, um numeroso exército formado por mais ou menos 32 mil homens! Porém, 22 mil não estavam preparados. Estavam com medo, incrédulos de que Deus os faria vencer. Eram brechas no meio do exército que de fato poderiam trazer a derrota. Estes 22 mil foram embora restando 10 mil. Estes 10 mil então foram levados a um riacho para beber água. Aqueles que bebessem levando a mão a boca ficariam, mas os que se ajoelhassem, sairiam. Por que? Porque os que levassem a mão a boca tinham mais probabilidades de estarem atentos se por acaso o inimigo viesse contra eles. Os outros que se ajoelharam, abaixaram a guarda e se tornaram vulneráveis ao ataque inimigo. Estavam desatentos e despercebidos!

A guerra entre Céu e inferno é ferrenha e não tem tréguas! Um pequeno erro é capaz de causar morte e destruição. Estar despercebido é a causa de muitas mortes no meio do povo de Deus. O inimigo é astuto e sagaz, e usará de tudo para vencer. Por isso que a Igreja primitiva cantava um hino que dizia: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo resplandecerá sobre a tua pessoa” (Ef 5:14). Vivemos um tempo que é preciso acordar! Despertar deste sono infernal e ficarmos atentos a movimentação espiritual ao nosso redor. Jesus nos ensinou a vigiar e orar (Mt 26:41) para que não caíssemos em tentação, para não abrirmos brechas que venham nos destruir e para que o inimigo não nos encontre desatentos e vulneráveis a ele. É tempo de fazermos como Neemias contou que seus operários faziam, trabalhavam com uma mão, mas seguravam suas espadas com a outra (Ne 4:18).
Assim, aqueles que permaneciam atentos e vigilantes, Deus chamou-os para o exército de Gideão, e eles eram apenas 300 homens! Com um déficit de mais de 30 mil homens, o exército de Israel foi formado e no dia escolhido por Deus, a vitória chegou aos filhos de Israel sob a liderança do juiz Gideão, o homem covarde que foi chamado de valente por Deus!

Os nossos dias não são diferentes. Os homens se esqueceram de Deus, e elegeram eles mesmos os seus deuses. Os valores do Reino estão no chão e o povo santo chamado para fazer a diferença se misturou com eles ou se escondeu. O Espírito Santo irá mudar esta realidade levantando Gideões, homens comuns, limitados, mas que farão diferença no meio da sociedade. Homens cheios dos Espírito de Deus que derrubaram o poder das trevas, fecharão as brechas feitas pelo pecado e destruirão os inimigos, restabelecendo a ordem do Reino de Deus na Terra! Basta que Deus encontre alguém com o coração quebrantado e que anseie por fazer a vontade do Senhor na Terra. Aqueles que digam: “Venha a nós o Teu Reino e seja feita a Sua vontade na Terra, assim como é nos Céus!”

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